domingo, 17 de fevereiro de 2019

Ainda bem que estou sob a graça e não sob a Lei

Ao examinarmos a Lei no Antigo Testamento nos encontramos com diversos textos concernentes à justiça de Deus. Como exemplo, citamos os seguintes:
  • Se no meio de vocês, em alguma das cidades que o Senhor, seu Deus, lhes dá, aparecer algum homem ou mulher que proceda mal aos olhos do Senhor, seu Deus, transgredindo a sua aliança, que vá, sirva outros deuses e os adore, ou faça isso com o sol, a lua, ou todo o exército do céu, o que eu não ordenei; e se isto lhes for denunciado e vocês o ouvirem, então devem indagar bem e, se for verdade e certo que se fez tal abominação em Israel, devem levar o homem ou a mulher que fez este malefício aos portões da cidade e apedrejá-los, até que morram. Por depoimento de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer; por depoimento de uma só testemunha, não morrerá. A mão das testemunhas será a primeira contra ele, para matá-lo; e, depois, a mão de todo o povo. E assim eliminarão o mal do meio de vocês. (Deuteronômio 17:2-7)
  • Mas, se houver alguém que odeia o seu próximo, arma-lhe ciladas, levanta-se contra ele e o mata, e então se refugia numa dessas cidades, os anciãos da sua cidade mandarão tirá-lo dali e entregá-lo na mão do vingador do sangue, para que seja morto. Não olhem para ele com piedade; pelo contrário, exterminem de Israel a culpa do sangue inocente, para que tudo vá bem com vocês. (Deuteronômio 19:11-13) 
  • Se alguém tiver um filho teimoso e rebelde, que não obedece à voz de seu pai nem à voz de sua mãe e, mesmo quando castigado, não lhes dá ouvidos, seu pai e sua mãe o pegarão e o levarão aos anciãos da cidade, junto ao portão daquele lugar, e dirão: "Este nosso filho é rebelde e teimoso, não dá ouvidos à nossa voz, é comilão e beberrão." Então todos os homens da cidade o apedrejarão até que morra. Assim vocês eliminarão o mal do meio de vocês; todo o Israel ouvirá e temerá. (Deuteronômio 21:18-21)
 Algumas pessoas, quando se deparam com textos assim, respondem: "Ainda bem que estou sob a graça e não sob a lei." ou dizem: "Ainda bem que vivemos no tempo da graça e não no tempo da lei." O que estas pessoas estão querendo dizer? Por acaso estão insinuando que podem fazer coisas "contrárias à Lei" e não sofrer consequências? Por acaso querem dizer que a Lei não está mais valendo para nossos dias?

Quando lemos o seguinte: "Porque o pecado não terá domínio sobre vocês, pois vocês não estão debaixo da lei, e sim da graça. E então? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!" (Romanos 6:14-15) podemos entender, primeiramente que o apóstolo Paulo estava se referindo a pessoas redimidas pelo sangue de Jesus Cristo e não aos ímpios. Segundo, Paulo não está sendo afirmado que a lei deixou de existir, ou que a desobediência da lei deixou de ter as suas consequências. Afinal, o próprio Senhor Jesus Cristo disse: "Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir. Porque em verdade lhes digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra." (Mateus 5:17-18) O que devemos entender é que por causa do sacrifício substitutivo de Jesus Cristo, quando Deus olha para nós, Ele nos vê como justificados em Cristo. Não pelos nossos méritos, mas pelos de Jesus. E isso é graça.

Mas, quanto aos ímpios? Eles receberão o seu salário, no devido tempo. "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Romanos 6:23).

O que podemos extrair, então, para o nosso dia-a-dia? Primeiro, se fomos alcançados pela graça de Deus, devemos agradecê-lo sempre. E nós, os que foram alcançados pela graça, devemos procurar andar em novidade de vida, sabendo que podemos até escolher algumas de nossas atitudes e ações, mas não podemos escolher as consequências dessas atitudes e ações. Segundo, devemos saber que os transgressores devem receber as punições pelos seus atos, tanto na terra como na eternidade. O recado claro da justiça humana deveria ser sempre de que haverá punição para os malfeitores. E a severidade da punição deve ser de acordo com a gravidade do erro cometido.

Quando ouço que malfeitores foram presos, entendo que essa é a coisa normal que deveria acontecer. Quando ouço dizer que bandidos foram mortos por policiais que agiam no cumprimento de seu dever, entendo que a população em geral está sendo poupada de outras atrocidades que poderiam ter sido cometidas pelos meliantes se ficassem vivos. Como cristão, fico triste de que não foram alcançados pela graça de Deus. Mas entendo também que aqueles que foram escolhidos (predestinados) por Deus não irão partir antes de ouvir a mensagem de salvação, e ser alcançado por esta mensagem. Cornélio ouviu a palavra de Deus pela boca de Pedro e foi salvo pela graça (Atos 10). Paulo foi alcançado na estrada para Damasco (Atos 9). Um dos ladrões na cruz, ao lado da cruz de Jesus, foi salvo logo antes de morrer (Lucas 23:39-43). E para aqueles que acham que as atitudes não têm consequências, sugiro que releiam a história de Ananias e Safira (Atos 5:1-11), lembrando que isso é Novo Testamento, ou seja, tempo da graça.